Imagens inteligentes

por Camila Mangueira Soares

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[Abstract]
“Sensors, processors, algorithms, and you” – this is how Apple publicize its new iPhone which enables capturing and editing images with a combination of lens and data processing via artificial neural engineering. In a provocative strategy, Huawei joins Leica and launches the “intelligent photography”: a precision system of multi-objective lenses using artificial intelligence. After all, what can we say of a single optical image that combines more than one trillion operations per second?

“Sensores, processadores, algoritmos e você”1 – é assim que a Apple clama por seu novo dispositivo móvel dotado de captação e edição de imagens com combinação de lentes e processamento de dados via engenharia neural artificial. Em estratégia provocativa, a Huawei faz parceria com a Leica e lança um sistema de precisão de multi-objetivas aliadas à Inteligência Artificial (IA): a “fotografia inteligente”2. Afinal, o que dizer de uma única imagem óptica que corresponde a mais de um trilhão de operações por segundo?

De certo que facultar sobre a imagem inteligente não corresponde a algo tão simples quanto a publicidade o faz pensar, mas diante do calor das ampliações das tecnologias da inteligência na era digital online, tal acepção não parece soar como uma realidade distante. Confesso que o título talvez não seja o mais adequado uma vez que conduz a muitas ambiguidades. No entanto, não é motivo para ignorarmos a aproximação cada vez maior entre as linhas dos fenômenos de desenvolvimento da imagem e do pensamento, os quais extrapolam o senso comum de “imagem mental”. Assim, o intuito deste texto é refletir sobre algumas das recentes transformações dos mecanismos da visão e das representações visuais. Continuar lendo

Design lúdico interespécie, empatia e a virada ao não humano

por Fabrício Fava

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[Abstract]
“The field of Design has constantly evolving and expanding over the years, whether in the social, cultural, interactive, technical, or methodological area. This was evidenced in the general theme of the last edition of the Interaction Latin America conference: the expansion of the boundaries of the field of Interaction Design. Regarding this perspective and aligned with Lucia Santaella’s (2007) ideas on the need for a critical post-humanism, it will be presented here a panorama of what has been discussed in the design practice from the researches related to playful interspecies interactions with technology.”

O campo do design passa por constantes evoluções e expansões ao longo dos anos, sejam elas sociais, culturais, interacionais, técnicas, metodológicas. Aspecto evidenciado na temática da última edição da conferência Interaction Latin America, que se propôs a pensar as fronteiras do Design de Interação. Atinente a essa perspectiva e alinhado ao pensamento de Lucia Santaella (2007) sobre a necessidade de um pós-humanismo crítico, busco aqui apresentar um panorama do que tem sido discutido na prática do design a partir das pesquisas relacionadas às interações lúdicas interespécie com a tecnologia.

A mais recente transformação que temos testemunhado é a mudança de uma perspectiva de soluções de característica material para a de qualidade imaterial. Isso inclui novos tipos de processos, serviços, interação, entretenimento, modos de comunicação e colaboração. Nesse contexto, onde o design volta-se cada vez mais para a compreensão das qualidades humanas e busca por insights relativos à experiência do usuário, a empatia surge como um fator-chave. Continuar lendo

Os enlaces da mente-matéria

por Lucia Santaella

[Abstract]

“Quantum physics has brought to the fore the question of the effects that consciousness can provoke in the physical world. At that time treated somehow naively, the question has returned very forcefully recently, in ontological debates under the name of the post-human turn, in which are engaged philosophers, media theorists, artists and scientists. One of the key elements of these debates lies in the search for overcoming the old Western dichotomies, among which the most fundamental is that of mind / matter. Unfortunately Peirce’s potent philosophy has been the great forgotten of these debates, although in it can be found invaluable sources for solving many dilemmas.”

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Em 15 de janeiro de 2016, a revista Pazes, de caráter espiritual, lançou uma matéria com um título aparentemente sensacionalista: “Físicos chocam o mundo ao afirmarem que nossos pensamentos afetam o mundo fisico”. O conteúdo do texto, de fato, apresenta noções surpreendentes e até mesmo chocantes.

Para introduzir o leitor ao tema, as afirmações iniciais são relativamente consensuais: “Década após década, vários cientistas têm considerado os fatores associados à consciência (percepção, sentimentos, emoções, atenção mental, intenção etc.) como parte fundamental da ciência – que não se pode compreender plenamente ciência, física, especialmente quantum, sem incluir o estudo da consciência.”

Entretanto o texto avança para noções mais ousadas, como, por exemplo, a afirmação de Max Plank: “Eu considero a matéria como um produto derivado de consciência”. Ou então, a declaração de Eugene Wigner de que “não foi possível formular as leis da mecânica quântica de uma forma plenamente coerente sem referência à consciência.” Sem dúvida, há algum tempo, os físicos estão sendo forçados a admitir que o universo é uma construção mental, a ponto de Sir James Jeans ter sido levado a declarar que “o fluxo de conhecimento está caminhando em direção a uma realidade não-mecânica; o universo começa a se parecer mais com um grande pensamento do que com uma grande máquina. A mente já não parece ser um intruso acidental no reino da matéria, devemos saudá-la, em vez como o criador e governador do reino da matéria”. Com tudo isso, somos levados a concluir, com RC Henry, que “o universo é imaterial-mental e espiritual.” Continuar lendo