O universo permeado de máquinas de Levi Bryant

Por Winfried Nöth
Tradução Adelino Gala

Qual é a diferença entre um refrigerador e uma obra de arte? A pergunta soa como a introdução de uma piada do tipo “o que é o que é”, onde no final somos induzidos a descobrir motivos comuns e surpreendentes entre as noções aparentemente incompatíveis. Qual é a diferença entre um funcionário e a madeira? – A madeira trabalha.

O terreno comum no qual Levi R. Bryant induz seus leitores a descobrir a semelhança entre um refrigerador e uma obra de arte, em sua Onto-Cartografia (2014: 18), deixa surpresos os leitores despreparados, quando estes descobrem que “ambos são máquinas”. A ontologia plana de Bryant não poderia ser mais plana. Não são máquinas apenas os frigoríficos e as obras de arte, mas também o são “árvores, os planetas vivos e os átomos de cobre” (ibid.). Quando Bryant fala de um mundo assim permeado com máquinas, ele obviamente se refere a objetos para os quais não se atribui qualquer das conotações negativas com que a palavra máquina tem se relacionado no curso de sua história. Por uma máquina, Bryant não significa um “estratagema”, um “dispositivo enganoso” e muito menos um “instrumento de opressão dos seus usuários”. O universo de Bryant é permeado com máquinas em um sentido muito diferente. Continuar lendo

Quem sou eu, este que pensa? Objetos sensíveis, qualidades sensíveis e tensão temporal

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Por Adelino Gala

Continuando o post sobre Harman, vamos explorar um pouco mais a construção de seus objetos sensíveis e qualidades sensíveis a partir de Husserl.

Em uma rápida leitura do que é mais relevante de Husserl para o autor, temos que Husserl é apontado como o fundador da fenomenologia no início do século XX. A base filosófica husserliana evolui a partir de dois dos principais campos científicos com maior destaque na época, a psicologia e a matemática (principalmente a lógica) e se configura como uma disciplina que “se apresenta como o estudo descritivo de todos os fenômenos que se oferecem à minha experiência de sujeito” (Depraz, 2007, p. 7). Continuar lendo

Objetos reais e qualidades reais

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por Adelino Gala

Continuando o post sobre Harman, vamos explorar um pouco mais a construção de seus objetos e qualidades reais a partir de Heidegger.

Heidegger é o filósofo explorado longamente por Harman. É a partir de seu trabalho que Harman interpreta e propõe os conceitos fundadores de dois objetos de sua filosofia, os objetos reais e as qualidades reais. Continuar lendo

Uma introdução a Ontologia Orientada aos Objetos

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por Adelino Gala

Santaella (2013) nos informa que o realismo especulativo aparece como uma nova tendência filosófica em meio à emergência de um mundo permeado de objetos sencientes. Tais objetos têm identidade própria e estão em diálogo entre si e com o mundo. Isso é mostrado também no relatório da União de telecomunicação Internacional com o título de “Internet das coisas” que indica que os computadores intensificarão sua presença e atuação moldando um mundo informacional instalado no real. O realismo especulativo não está preocupado apenas com a existência para além do pensamento, mas avança ao postular que as coisas especulam e busca estudar ainda como essas coisas o fazem. Continuar lendo

Tecnologia e o poder dos objetos para especular

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Por Adelino Gala

“Especulação têm como intenção ecoar, no sentido mais amplo, seu significado medieval e moderno. Primeiro,  especulação está ligada ao sentido de speculatio como as operações essencialmente reflexivas e imaginativas do intelecto e, em outro sentido, também implica para o humanismo o princípio de identidade entre o conhecimento do mundo e o conhecimento de si… identidade e alteridade.” (EILEEN, 2013: ii-iii) Continuar lendo

Um hub para o tema na net

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Ian Hamilton Grant, Graham Harman, Quentin Meillassoux e Ray Brassier

por Adelino Gala

Historicamente o antropocentrismo foi o nome dado ao laço central para os temas da arte, filosofia e ciência. O humano estava sempre postulado como ator central, uma base ontológica para compreensão dos demais existentes.

Mas o mundo está mesmo é repleto de objetos. Isto visto de uma perspectiva não antropocêntrica levanta novas possibilidades de compreensão, onde humano, vegetais, animais, minerais e outras formas possíveis de objetos se horizontalizam em relevância. Continuar lendo