Por Winfried Nöth
Tradução Adelino Gala
Qual é a diferença entre um refrigerador e uma obra de arte? A pergunta soa como a introdução de uma piada do tipo “o que é o que é”, onde no final somos induzidos a descobrir motivos comuns e surpreendentes entre as noções aparentemente incompatíveis. Qual é a diferença entre um funcionário e a madeira? – A madeira trabalha.
O terreno comum no qual Levi R. Bryant induz seus leitores a descobrir a semelhança entre um refrigerador e uma obra de arte, em sua Onto-Cartografia (2014: 18), deixa surpresos os leitores despreparados, quando estes descobrem que “ambos são máquinas”. A ontologia plana de Bryant não poderia ser mais plana. Não são máquinas apenas os frigoríficos e as obras de arte, mas também o são “árvores, os planetas vivos e os átomos de cobre” (ibid.). Quando Bryant fala de um mundo assim permeado com máquinas, ele obviamente se refere a objetos para os quais não se atribui qualquer das conotações negativas com que a palavra máquina tem se relacionado no curso de sua história. Por uma máquina, Bryant não significa um “estratagema”, um “dispositivo enganoso” e muito menos um “instrumento de opressão dos seus usuários”. O universo de Bryant é permeado com máquinas em um sentido muito diferente. Continuar lendo