por Adriano Messias
[Abstract]
“This text proposes a critical viewpoint of speculative realism. It focuses on the attempt of the so-called speculative realists to ignore the inevitable human view of the world and things. At the same time, I establish an appropriate range of reflections on psychoanalysis and neurosciences. The considerations developed here are according to a very personal perspective: it is impossible to deal with any topic without the presence of language as a mediation. On the other hand, in our contemporaneity marked by fast explanations in social media, by internet trolls and fakenews, just a serious and dense study seems able to guide researchers who really intend to produce knowledge.”
[Resumen]
“Este texto propone una crítica sobre el realismo especulativo, enfocada en el intento de los llamados realistas especulativos en ignorar el inevitable punto de vista humano sobre el mundo y las cosas. Al mismo tiempo, abro aquí un abanico de reflexiones que abordan también el psicoanálisis y las neurociencias. La canalización de las ponderaciones hechas se da hacia mi perspectiva personal de ser imposible tratar de cualquier tópico sin la presencia del lenguaje como mediación. Por otro lado, en la contemporaneidad atravesada por explicaciones rápidas en redes sociales, por trolls y por fakenews, sólo el estudio serio y denso me parece un orientador adecuado a los investigadores que desean producir conocimiento.”
Merlí
Os realistas especulativos (R.E.) não são os peripatéticos do século XXI. Ao contrário dos helenos antigos, vários dos R.E. apenas deambulam e, algumas vezes, o fazem a esmo. Vários desses novos filósofos deveriam ver com urgência as três temporadas da série catalã Merlí (Hector Lozano, 2015-2016) para entenderem melhor o que estão delirando em derrubar: o delicado envoltório “cultura e linguagem” que particulariza nossa espécie.
Pode ser que os R.E. também encontrem, nos personagens espanhóis, os traços narcísicos da própria adolescência, incluindo conflitos por serem resolvidos, os quais, invariavelmente, repercutem entre os acadêmicos que se espalham pela superfície desse terceiro pedregulho após o Sol, tanto acima quanto abaixo da linha do Equador. É questão de se descobrir e nomear o próprio S11 em uma caminhada sensível e pessoal, a fim de que se possa tocar a vida de forma menos arrogante. Porém, a sustentação do desejo depende de coragem, e não apenas de letramento.
Merlí começa pelos peripatéticos gregos e termina com os peripatéticos do século XX, incluindo, em um variado rol de pensadores, o próprio professor de Filosofia que dá título à série. Ele é o elemento-chave que alinhava o filósofo-mote de cada episódio com as questões da vida comum dos alunos secundaristas de um colégio de Barcelona. Além de terem aulas de Latim e Artes em uma instituição pública, os estudantes podem conhecer um pouco sobre Schopenhauer, Freud, Hannah Arendt, Foucault, Bauman, Kant, Zizek, Judith Butler, Nietzsche, dentre outros, por intermédio de um professor arguto. E não dê importância às críticas das redes sociais que sempre escarnecem certos produtos audiovisuais e literários: uma boa parte delas foi escrita por gente amargada e ávida em criar polêmicas e impulsionar algum canal egoico no youtube.
Antes de continuar, porém, peguemos o metrô e desçamos no Largo de São Bento.
Continuar lendo →