Quem sou eu, este que pensa? Objetos sensíveis, qualidades sensíveis e tensão temporal

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Por Adelino Gala

Continuando o post sobre Harman, vamos explorar um pouco mais a construção de seus objetos sensíveis e qualidades sensíveis a partir de Husserl.

Em uma rápida leitura do que é mais relevante de Husserl para o autor, temos que Husserl é apontado como o fundador da fenomenologia no início do século XX. A base filosófica husserliana evolui a partir de dois dos principais campos científicos com maior destaque na época, a psicologia e a matemática (principalmente a lógica) e se configura como uma disciplina que “se apresenta como o estudo descritivo de todos os fenômenos que se oferecem à minha experiência de sujeito” (Depraz, 2007, p. 7). Continuar lendo

OOO: revigorante das formas de se adquirir conhecimento

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por Alessandro Mancio de Camargo

Assim como a linguagem científica praticada, por exemplo, pelos físicos, a tradição oral — com suas idiossincrasias — avança nos modos de conexão à realidade. Faz isso de forma amplificada por “máquinas desejantes” — parafraseando Guattari (1996, p. 205)— altamente persuasivas. Pós-humano, web 3.0, as interfaces entre a natureza e o corpo. Espaços distintos da sociedade em rede ocupados por objetos sencientes intercomunicantes. As consequências dessa narrativa podem ser interpretadas no premiado Comunicação Ubíqua, de Santaella (2013). Num recorte pessoal do livro, humanos e objetos têm hoje a capacidade de se aproximar de diversas realidades, obter e trocar mais dados sobre elas por meio do diálogo com outros objetos e pessoas, numa velocidade, volume e variedade de informações nunca antes atingidos. O interesse deste post é discutir como, nesse ambiente, revigoram-se diferentes formas de adquirir conhecimento (MATTAR, 2014). Continuar lendo

Latour segundo Harman

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por Eduardo Weinhardt

As ideias do francês Bruno Latour têm sido um tema bastante debatido aqui neste blog. Essa recorrência, no entanto, é mais do que justificada: suas teorias têm uma influência significativa junto aos teóricos ligados ao movimento do Realismo Especulativo, em especial para o filósofo Graham Harman. Este tem realizado um grande esforço para dar, o que defende ser, a devida importância a Latour no panorama da filosofia contemporânea. Tanto que, em 2009, lançou um livro debatendo exclusivamente as teorias latourianas, chamado The Prince os Networks (cuja capa ilustra este post). Por isso, ainda que incorrendo no risco de pleonasmo, peço licença para voltar a tratar aqui sobre o pensador francês. Acredito que seja útil revisar a leitura da obra de Latour realizada por Harman, entendendo suas interpretações, para que assim possamos compreender melhor as ideias do próprio Harman.  Continuar lendo

Objetos reais e qualidades reais

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por Adelino Gala

Continuando o post sobre Harman, vamos explorar um pouco mais a construção de seus objetos e qualidades reais a partir de Heidegger.

Heidegger é o filósofo explorado longamente por Harman. É a partir de seu trabalho que Harman interpreta e propõe os conceitos fundadores de dois objetos de sua filosofia, os objetos reais e as qualidades reais. Continuar lendo

Uma chave para a mediação

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por Isabel Jungk 

De aparência bastante peculiar, a Chave de Berlim como ficou conhecida é na verdade uma chave de fechamento forçado (Schließzwangschlüssel). Criada pelo chaveiro berlinês Johann Schweiger e produzida pela Albert Kerfin & Co. a partir de 1912, seu mecanismo permite uma forma de controle de acesso ao local em que é utilizada e sua configuração simétrica, com dois segredos e sem “cabeça” não permite desvendar sua utilização facilmente. Inquietante, ela foi tema de um célebre artigo do filósofo e sociólogo Bruno Latour. Continuar lendo

Uma introdução a Ontologia Orientada aos Objetos

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por Adelino Gala

Santaella (2013) nos informa que o realismo especulativo aparece como uma nova tendência filosófica em meio à emergência de um mundo permeado de objetos sencientes. Tais objetos têm identidade própria e estão em diálogo entre si e com o mundo. Isso é mostrado também no relatório da União de telecomunicação Internacional com o título de “Internet das coisas” que indica que os computadores intensificarão sua presença e atuação moldando um mundo informacional instalado no real. O realismo especulativo não está preocupado apenas com a existência para além do pensamento, mas avança ao postular que as coisas especulam e busca estudar ainda como essas coisas o fazem. Continuar lendo