por Daniele Fernandes
[Abstract] “The aim of this post is to analyze some examples of different areas of human knowledge (philosophy, cognitive sciences, history, neurology, ecology, biological sciences) in order to try to understand and, then, suggest changes in the ethics that prevails in our relations in the contemporary world , that is, in our political behavior. From a monistic point of view, we want to demonstrate some flaws in simplifications based on dualism and suggest an ethics that allows us to follow a more loving way, capable of accommodating political complexity that is not limited to exclusively human relationships.”
Ao estudar os primórdios do urbanismo, é possível entender o surgimento da ágora nas cidades gregas a partir das forças socias, políticas e econômicas da época. A ágora normalmente é entendida como sinônimo de “praça pública”; mas sua concepção era bem diferente dessa noção mais recente. O objetivo aqui não é aprofundar detalhes históricos, é apenas partir de um exemplo para questionar a ética de nossas relações no mundo contemporâneo, isto é, nosso comportamento político.
Por que começar pela a ágora? Porque, a princípio, vivemos em uma sociedade democrática. E se a Grécia foi “o berço da democracia”, foi na ágora que a democracia se exerceu efetivamente em seus primórdios. Seja lá o que os gregos entendiam por democracia naquela época, pois só os indivíduos do sexo masculino, que possuíam propriedades e escravos podiam votar, por exemplo. Mas o que importa neste post é algo ainda mais primordial: o motivo pelo qual surgiu a ágora na Grécia.
Assim como as desigualdades sociais, as guerras também são muito antigas. Entretanto, os membros das tribos primitivas que ocupavam a região onde hoje é a Grécia perceberam que, quando havia guerra, mesmo as tribos vencedoras tinham boa parte de sua população dizimada ou gravemente ferida, com muitas perdas materiais. Chegaram, então, à conclusão de que a guerra não compensava para nenhuma das partes envolvidas e que deveria haver alguma maneira mais apropriada para resolver os conflitos. Assim, ficou acordado que seriam selecionados alguns membros para representar cada uma das tribos envolvidas na contenda e que estes se reuniriam em um lugar reservado à resolução pacífica do conflito, por meio do diálogo. E assim surgiu o “embrião” do que seria a ágora, o espaço democrático por excelência. Foi por meio desses diálogos pacíficos que as tribos se agruparam e deram origem a pólis (cidade-estado) com sua ágora propriamente dita, a qual posteriormente passaria a comportar outras funções, tais como as ligadas ao comércio e à religião no século V a.C. (cf. Reis, 2018). Continuar lendo