por Márcia Fusaro
[Abstract] “In the last decades, irreversibly pervaded by technological influences linked to all the vertiginous potential of changes that they have provided, countless thinkers have tried to define in a concept-synthesis the period in which we live. “Information age”, “knowledge economy”, “liquid modernity”, “anthropocene” are among the various attempts at definition. Recent reflections add yet another, referring to our period as the “age of creativity.” Such a definition has much to tell us not only about the present, but above all about the future and the education involved in it.”
O trabalho criativo requer, acima de tudo,
um estado de espírito criativo. Descobri em meu
trabalho científico que, em longo prazo, é menos
importante aprender sobre uma nova maneira
particular de conceber a estrutura abstrata que entender
como a consideração de ideias novas pode
liberar o pensamento de uma vasta rede de
preconceitos absorvidos, em grande parte inconscientemente,
com a educação, a formação e o contexto geral.
Parece-me que, com relação a essa questão do preconceito,
a situação deve ser similar em todos os campos de
trabalho criativo, científico, artístico ou
de qualquer outra natureza.
David Bohm
As palavras do físico David Bohm, publicadas há vinte e um anos, no livro On Creativity (1998), mostram quanto a obra continua atual. Livro de referência quando o assunto são as interfaces entre arte e ciência impulsionadas pelo uso da criatividade, nem é preciso dizer quanto a educação tem um papel fundamental nesse contexto.
Nas últimas décadas, irreversivelmente perpassadas pelas influências tecnológicas atreladas a todo o vertiginoso potencial de mudanças que elas têm proporcionado, inúmeros pensadores vêm tentando definir em um conceito-síntese o período em que vivemos. “Era da informação”, “economia do conhecimento”, “modernidade líquida”, “antropoceno” constam dentre as várias tentativas de definição. Reflexões recentes (ARAYA, 2019) acrescentam mais uma, referindo-se ao nosso período como a “era da criatividade”. Tal definição tem muito a nos dizer não somente sobre o presente, mas, sobretudo, sobre o futuro. Não que o uso da criatividade seja algo novo na história humana. Evidentemente que não. Novidade, ao que parece, é a urgência com que sua identificação e aplicação na busca pela solução de problemas em projetos colaborativos, dentre outras demandas de caráter amplo, planetário, estão sendo cada vez mais solicitadas das inteligências humanas, e também das artificiais, diga-se de passagem. Na área da educação, por exemplo, as plataformas adaptativas com uso de inteligência artificial começam a se tornar uma opção avaliativa cada vez mais considerada como instrumento de acompanhamento dos alunos pelos professores (ROCHA, 2018).
A educação, fundamental para se pensar cenários complexos, é parte do alicerce a compor os maiores desafios contemporâneos envolvendo questões sobre reconhecimento e uso da criatividade relacionados às novas tecnologias. Sobre complexidade, lembremos Edgar Morin (2018; 2013; 2000), um dos pensadores mais destacáveis do século XX e da atualidade, visitante assíduo do Brasil, que vem nos alertando há décadas sobre a importância de considerarmos o conceito da complexidade com mais atenção. Em termos de Brasil, em específico na área de formação de professores e estudantes, um conservadorismo atrasador vem nos mantendo, lamentavelmente, fora das reflexões que, de fato, importam para nos colocar na linha de frente dos usos tecnológicos de amplo alcance na educação. Continuar lendo →