Espectros Computacionais e suas possibilidades[1]


por Luiza Helena Guimarães


[Resumen] The project “Spectra Computational” is in its third version. They have as the thread of their poetics the images of human brains visualized in electromagnetic resonances that were subjected to data sonification. The digital art-science works incorporate aspects of neuroscience and the physics of digital signal processing that converge to form immersive environments for Virtual Reality (VR),  Panorama 360º and fulldome.

Apresentação

À medida que a arte contemporânea incorpora conhecimentos de outras áreas, ganha a possibilidade de existir mais próxima da imaginação. O projeto “Espectros Computacionais” está em sua terceira versão expositiva[1]. Apresenta um imaginário construído por meio de  tecnologias digitais e reúne os conhecimentos da arte e da estética aos conceitos científicos vindos da física de processamento de sinais e da neurociência. Nas exposição “Espectros Computacionais 360º/3D I” (EC360/I) mostramos uma instalação imersiva e um ambiente VR, em “Espectros Computacionais 360º/3D II” (EC360/II) desenvolvemos o conteúdo para apresentar em uma arquitetura de Panorama 360º, já em Espectros Computacionais_fulldome” o imaginário precisou acompanhar este diferente desafio para o cinema e a arte imersiva.

EC360/I foi produzido durante a residência artística (ArtSonica) no espaço de coworking do Oi Futuro (LabSonica), em 2018, e exibido no Centro Cultural Oi Futuro, em 2019, Rio de Janeiro-RJ, Brasil. Trata-se de um projeto transdisciplinar, imersivo e interativo, visual e sonoro, realizado a partir de imagens de cérebros humanos visualizados em ressonâncias eletromagnéticas de cérebros humanos. Apesar dos trabalhos terem iniciado em 2002, foi em 2018-19 que começou a ser realizado em equipe transdisciplinar integrada, desde a fase de projeto, por Ricardo Dal Farra[2] e, posteriormente, na fase de desenvolvimento de ambientes VR, incluímos Randolpho Julião[3]. A segunda versão EC360/II, continuou a mesma linha de pesquisas e desenvolvimentos, porém produzimos um ambiente imersivo gamificado voltado para a arquitetura de Panorama 360º existente no espaço da mostra “Panorama Exp”, Valencia, Espanha, 2021. Ainda neste ano, fizemos uma nova produção, Espectros Computacionais_fulldome“, para o Planetário Galileo Galilei eCentro Cultural San Martín, Buenos Aires, Argentina, em que mantivemos o mesmo imaginário e conceitos, entretanto, o roteiro e projeto gráfico foram totalmente remodelados em função dos software utilizados e do meio de exibição.

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Exposição Espectros Computacionais 360º (EC360)

luiza1Espectros Computacionais 360º, Instalação Imersiva, Exposição ArtSonica, Centro Cultural Oi Futuro, Luiza Helena Guimarães, 2019

 

por Luiza Helena Guimarães

[Abstract] “The exhibition “Espectros Computacionais 360º” (EC360), combines two interrelated works: an immersive audiovisual installation, and a VR environment. They were developed during the  ArtSonica / LabSonica / Oi Futuro residency, and are exhibited at the Oi Futuro Cultural Center in Rio de Janeiro, Brazil. 

The concept is a mixing of aspects concerning neuroscience, signal processing physics, and digital technologies. The EC360 equates light and sound frequencies and waves based on the sonification of brain’s electromagnetic resonance images. The vibrational pattern of the brain, together to the perceived vision and human hearing, is used to assemble the immersive experience. EC360 thus approximates neuroscientific research which, together with bioengineering, AI and robotics, can show mental activity, expressed by brain waves and rhythms. However, they are directed to the field of human sensations, a territory of the art domain.” 

Que “espectros” se irradiam e pairam nos maquinismos entre o humano e o tecnológico? 

Entre cérebros e mentes, hardwares e softwares, como se produz o futuro?

Equipe[1]

“Espectros Computacionais 360º” (EC360) reuniu uma equipe transdisciplinar formada por: Luiza Helena Guimarães (Brasil), artista multimídia, pesquisadora, idealizadora e diretora do projeto; Ricardo Dal Farra (Argentino/Canadense), pesquisador, professor, músico, compositor da música eletroacústica; João Silveira (Brasil), artecientísta, divulgador; Randolpho Julião (Brasil), analista de sistemas, desenvolvedor de VR.

Conceito: arte, neurociências, física de processamento de sinais e tecnologias

A exposição “Espectros Computacionais 360º”, EC360, apresenta duas obras: Instalação Imersiva e Ambiente VR.

Elas entrelaçam aspectos da neurociência, da física de processamentos de sinais e das tecnologias digitais. Partido da sonificação de imagens de ressonâncias eletromagnéticas cerebrais, EC360 equipara frequências e ondas luminosas e sonoras que, percebidas visão e da audição humana, agem sobre o padrão vibracional do cérebro.

EC360 aproxima-se, assim, de pesquisas neurocientíficas que, reunidas a bioengenharia, AI e robótica, são capazes de mostrar a atividade mental, expressa por ondas e ritmos cerebrais, em tempo real. No entanto, dirigem-se para o campo das sensações humanas, território de domínio da arte.

“Escutar imagens e ver sons”

Os ambientes de EC360 são perpassados pela ideia de “Escutar imagens e ver sons”.

Imagens de ressonâncias eletromagnéticas cerebrais foram submetidas à tecnologias de sonificação dados, tendo por resultado um mapeamento que denominei de ESCM (Eletro-Sônico-Cérebro-Magnético). Se por meio dessa metodologia obtivemos estruturas e objetos sonoros originários de cérebros humanos, foi através dos conhecimentos da arte sonora que Ricardo Dal Farra compôs as peças eletroacústicas, em multicanais, integrantes dos ambientes imersivos de EC360.

Partindo de processos de investigação médico-científica de nossos cérebros, ou seja, de cérebros inicialmente transformados em imagens, como de ressonâncias e tomografias, chegamos até a escuta de suas estruturas anatômicas. Isso acontece por meio da obra eletroacústica espacializada e em 3D que, reunida a outros elementos, dá corpo a poética e a estética de EC360.

Assim, imagens científica cerebrais, sonificadas e mapeadas, mesclam ciências e tecnologias para a criação dos ambientes imersivos, cinematográficos e, por vezes, interativos de EC360.

Espectros…

Por “espectros”, refiro-me ao espectro luminoso e sonoro que constituem as ondas eletromagnéticas, mas, primordialmente, ao universo das sensações humanas, que incluem as nossas memórias e afetos.

Antecedentes

As obras são a continuidade de instalações com ressonâncias eletromagnéticas de cérebros humanos que realizei em 2002, “Senha: teu limite”, e em 2004, “Catedral de Cérebros”, devendo muito a elas em termos de estética e poética. Também de uma performance, “Mente que Mente”, 2006, Museu da República, RJ.

Essas pesquisas desenvolveram-se em paralelo a outros trabalhos acadêmicos e artísticos relativos a criação de dispositivos artísticos relacionados ao campo da ciência, das tecnologias e do cinema do século XXI. Continuar lendo